Quando criança, não gostava de brincar com as meninas, não gostava de brincar com os meninos, temia os adultos. Somente o seu peculiar amigo a entendia. E então, aquela menina-zumbi foi crescendo acompanhada de seu grande amigo.
Sofria de insônia. Aliás, não era falta de sono o que sentia. Tinha medo de adormecer e, ao acordar, pensar-se viva. Era uma morta, sabia que era morta, andava como morta, agia como morta e a cada dia morria mais.
A morte nunca a incomodou. Afinal, morrer faz parte do processo da vida e a tristeza e melancolia são partes da nossa humanidade.
O grande amigo de Valquíria, certo dia, mudou-se para longe. O sol nasceu e a jovem moça floresceu nos encantos do amor e da vida.
Encontrou um rapaz, ou melhor, o rapaz a encontrou, roubou seu coração e mostrou a ela as coisas bonitas do mundo.
Logo ela viu a ilusão por trás do belo e a grandeza do mundo foi diminuindo. Sentia-se sozinha e sentia falta de seu amigo. Valquíria suplicava o retorno daquele que a entendia.
Tendo suportado o mundo tanto quanto conseguiu, a jovem moça não pôde mais. Abriu suas asas do décimo sexto andar e voo.
Voando, encontrou-se com seu grande amigo, a morte, e ao planar voou encontrou paz e soube-se estar no lugar devido.
E no outro mundo encontrou amigos, encontrou compreensão e nunca mais esteve só.
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